cover
Tocando Agora:

Agustín Canobbio: a trajetória do “motorzinho” uruguaio que trocou o Athletico-PR pelo Fluminense para renovar a energia tricolor

Trajetória em Foco – Matérias especiais sobre os protagonistas do futebol Quem é Agustín Canobbio e por que seu momento no Fluminense está em pauta? ...

Agustín Canobbio: a trajetória do “motorzinho” uruguaio que trocou o Athletico-PR pelo Fluminense para renovar a energia tricolor
Agustín Canobbio: a trajetória do “motorzinho” uruguaio que trocou o Athletico-PR pelo Fluminense para renovar a energia tricolor (Foto: Reprodução)

Trajetória em Foco – Matérias especiais sobre os protagonistas do futebol

Quem é Agustín Canobbio e por que seu momento no Fluminense está em pauta?

Agustín Canobbio é o ponta/atacante conhecido por sua intensidade física inesgotável que, em novembro de 2025, se consolidou como titular do Fluminense, trazendo a velocidade e a pressão alta que faltavam ao elenco. Mais do que um simples reforço, ele se tornou o símbolo do choque de energia que o clube precisava para se transformar em uma equipe mais agressiva e dinâmica.

O uruguaio de 1,75m, formado como um “todo-campista”, combina força de marcação, condução em velocidade e um estilo incansável de jogo que contrasta com o toque refinado historicamente associado ao Tricolor das Laranjeiras.

A pauta ganha força porque, na reta final da temporada, o atleta lidera o elenco em quilometragem percorrida por partida e se tornou peça indispensável para o modelo de pressão alta. Sua chegada ressignificou a relação entre raça (a famosa “garra charrua”), técnica e intensidade no clube carioca.

Canobbio disputa a bola contra Alan Patrick, durante um Fluminense x Internacional no Maracanã – Foto: Jorge Rodrigues/AGIF

Qual foi a trajetória de Canobbio antes de chegar às Laranjeiras?

Revelado pelo Fénix e com passagem de destaque pelo Peñarol (ambos do Uruguai), Canobbio construiu sua reputação no Brasil atuando pelo Athletico Paranaense, onde foi vice-campeão da Libertadores em 2022 e se tornou peça tática fundamental, apesar das críticas constantes em relação à finalização.

Sua chegada ao Furacão, na época como a contratação mais cara da história do clube (cerca de R$ 15,2 milhões), elevou as expectativas. A comissão técnica encontrou nele um atleta capaz de atacar e defender com a mesma vitalidade, oferecendo amplitude, recomposição e agressividade na pressão, atributos valiosos em jogos de alta intensidade.

Ao mesmo tempo, a relação com a torcida paranaense era marcada pelo paradoxo. Ele era amado pela entrega superior à média, mas criticado pela tomada de decisão no terço final. O famoso “corre muito, finaliza pouco” perseguia o jogador, mesmo quando desempenhava papéis fundamentais em partidas grandes.

Quando Canobbio chegou ao Fluminense e qual era o contexto?

Canobbio foi contratado pelo Fluminense em 2025, por 6 milhões de euros (R$ 37 milhões), como uma solução da diretoria para rejuvenescer um time considerado “envelhecido” e que precisava de válvulas de escape em velocidade.

Após anos priorizando um modelo extremamente cadenciado, o Tricolor buscava equilíbrio entre posse e intensidade, e viu no uruguaio a combinação ideal de pulmão e agressividade. O uruguaio chegou para oferecer profundidade, pressionar a saída adversária e acelerar transições, elementos-chave que faltavam à equipe.

Sua adaptação ao estilo de jogo foi facilitada pela experiência no Athletico e pelo entendimento rápido do papel de ser o “corredor oficial” do sistema tricolor. Mesmo num elenco onde a bola costuma correr mais que o atleta, ele entendia sua função de desafogo vertical.

A recepção foi, inicialmente, de desconfiança técnica. Parte da torcida questionava se ele teria a precisão e o repertório ofensivo que a camisa exige. No entanto, bastaram algumas partidas de intensidade máxima para que a percepção mudasse. Sua entrega imediata conquistou o torcedor, que passou a enxergá-lo como peça essencial no Time de Guerreiros.

Como está o desempenho de Canobbio na temporada 2025?

Canobbio se tornou imprescindível taticamente. Ele é o responsável por pressionar a saída de bola adversária e cobrir os avanços dos laterais, principalmente quando o time opta por linhas mais altas. É o “carregador de piano” que permite aos meias brilharem, o jogador que sustenta o equilíbrio entre ataque e defesa e que torna o sistema mais competitivo em jogos de Libertadores e clássicos.

O ponta aparece entre os líderes em desarmes ofensivos (55), assistências (cinco), conduções progressivas e participação direta em situações de linha de fundo, onde seus cruzamentos encontram frequentemente o centroavante (Germán Cano). Mesmo quando não aparece na estatística final, ele é o início de muitas jogadas que terminam em gol.

Taticamente, o treinador passou a vê-lo como o nome obrigatório em jogos intensos. A regularidade com que executa movimentos de pressão e recomposição, somada ao aumento de contribuições ofensivas em 2025, consolidou sua titularidade. Ele virou o termômetro físico do Fluminense: quando o uruguaio está bem, o time joga em outro ritmo.

Canobbio, do Fluminense
Canobbio, do Fluminense (Foto: Reprodução)
Canobbio comemora um de seus gols na história goleada do Fluminense diante do São Paulo – Foto: Jorge Rodrigues/AGIF

Por que Canobbio ainda divide opiniões na arquibancada?

A velha crítica o persegue: a dificuldade na finalização. Canobbio cria muitas chances com sua velocidade, mas desperdiça oportunidades claras, o que gera frustração na torcida tricolor em jogos apertados. Seu volume de chegadas ao ataque é alto, mas a eficiência nem sempre o acompanha, alimentando debates constantes sobre sua capacidade de decidir partidas.

Esse fenômeno ficou conhecido entre torcedores como o “Canobbio Paradox”, ele corre por três, rouba bolas improváveis, carrega a jogada da defesa ao ataque, mas às vezes finaliza para fora em lances decisivos. É um contraste que expõe o dilema clássico do jogador de intensidade: a mente acelera junto com o corpo, e a tomada de decisão pode perder precisão em momentos-chave.

Por outro lado, há uma defesa crescente de sua utilidade. Muitos analistas apontam que, sem sua entrega defensiva, o time ficaria exposto, especialmente em jogos de alto risco. O Tricolor das Laranjeiras precisa de peças intensas para sustentar o modelo de pressão e mobilidade, e nenhum atleta oferece isso no nível do uruguaio. Ele não é unanimidade, mas é quase insubstituível.

Outro ponto em discussão é sobre a sua capacidade técnica. Mesmo sendo um atleta com bastante batalhador, muitos torcedores dizem que o atleta não tem o “DNA” do futebol arte do Fluminense, dizendo que ele é apenas um atleta físico.

Canobbio, do Fluminense
Canobbio, do Fluminense (Foto: Reprodução)
Agustín Canobbio lamenta chance perdida com a camisa do Fluminense no Maracanã – Foto: Thiago Ribeiro/AGIF

O que Canobbio diz sobre sua entrega em campo?

O uruguaio sempre ressalta que sua forma de jogar é inegociável, baseada na intensidade e na luta, características que ele considera essenciais para honrar a camisa que veste. A filosofia de nunca desistir de um lance acompanha Canobbio desde seus primeiros passos no futebol e define a identidade que ele leva para cada clube onde atua.

Em entrevistas recentes, ele reforçou a mentalidade que carrega desde Montevidéu: “No Uruguai aprendemos que não existe bola perdida. Eu corro até não aguentar mais porque o Fluminense merece essa entrega.” Essa frase sintetiza sua relação com a torcida, não é o craque refinado, mas o símbolo do esforço e da dedicação.

Em outra fala, refletindo sobre críticas, ele foi direto: “Sei que posso melhorar na frente do gol, mas nunca vão poder dizer que eu não suei essa camisa.” A honestidade do discurso reforça sua conexão com o torcedor e ajuda a explicar por que, mesmo quando falha, dificilmente perde o respeito da arquibancada.

O que esperar do futuro de Canobbio no Fluminense?

Com contrato vigente e alto nível de confiança dentro do clube, Canobbio é visto como peça-chave para a transição de gerações do Fluminense. Ele representa o novo perfil físico e intenso que o time deseja para se manter competitivo em competições longas, especialmente no calendário denso da América do Sul.

O uruguaio também carrega consigo a ambição de conquistar uma grande taça continental, algo que escapou quando foi vice da Libertadores em 2022. No Tricolor, ele não chega como coadjuvante: existe a expectativa de que possa ser um dos pilares de uma campanha forte, usando sua intensidade para decidir jogos grandes como motor do sistema de jogo da equipe.

Há, ainda, a possibilidade de construir um legado de “ídolo cult”: aquele jogador que não tem os holofotes dos craques, mas que se torna indispensável pelo que entrega silenciosamente. Se refinar a finalização, pode dar o salto definitivo. Se não refinar, continuará sendo essencial pela entrega, o tipo de jogador que a torcida aprende a amar com o tempo.

Canobbio conseguirá se tornar um ídolo histórico do Fluminense?

A trajetória de Agustín Canobbio no Fluminense é a história do jogador que compensa qualquer limitação técnica com um coração gigante e pulmões de aço. Sua chegada foi o choque de energia que o clube precisava, já que elevou o padrão competitivo e redefiniu o modo como o clube equilibra técnica e intensidade.

Resta agora observar qual caminho ele seguirá: será que Canobbio conseguirá calibrar o pé para se tornar o atacante completo que a torcida sonha?

Ou ele será eternamente o motor incansável que carrega o time nas costas, mesmo sem os holofotes de artilheiro?