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Entre conquistas e desafios: o balanço do futebol feminino brasileiro em 2025

O futebol feminino brasileiro viveu um ano de conquistas, audiência em alta e projeção internacional em 2025 O futebol feminino brasileiro encerrou 2025 com...

Entre conquistas e desafios: o balanço do futebol feminino brasileiro em 2025
Entre conquistas e desafios: o balanço do futebol feminino brasileiro em 2025 (Foto: Reprodução)

O futebol feminino brasileiro viveu um ano de conquistas, audiência em alta e projeção internacional em 2025

O futebol feminino brasileiro encerrou 2025 como um dos anos mais simbólicos de sua história recente. Dentro das quatro linhas, o país celebrou títulos relevantes, vitórias históricas contra potências mundiais e uma consolidação no cenário internacional. Fora de campo, no entanto, o crescimento esportivo veio acompanhado da exposição de fragilidades estruturais que seguem sem solução. O balanço geral é positivo, mas revela um estágio de transição. A modalidade cresceu em visibilidade e resultados, mas ainda convive com decisões que colocam sua sustentabilidade em risco.

A Seleção Brasileira Feminina foi protagonista do ano ao conquistar a Copa América Feminina, superando a Colômbia nos pênaltis após um empate eletrizante por 4 a 4 na final. O título continental reforçou a força da equipe comandada por Arthur Elias, que também somou vitórias de impacto ao longo da temporada. Em amistosos, o Brasil bateu Inglaterra, Itália, Japão e conquistou um triunfo histórico contra os Estados Unidos fora de casa. Os resultados colocaram a equipe em evidência global e elevaram o patamar competitivo do país.

O desempenho sólido ao longo de 2025 levou a Seleção Brasileira à 6ª colocação no ranking da FIFA, a melhor posição recente da equipe. A regularidade contra adversários de alto nível mostrou evolução tática, mental e física do elenco. Mais do que resultados isolados, o ano evidenciou um projeto esportivo consistente, capaz de competir em diferentes contextos. A combinação entre atletas experientes e jovens talentos deu ao Brasil uma identidade clara. O cenário reforça a expectativa de protagonismo em ciclos futuros.

Dérbi no Canindé. Foto: Reinaldo Campos/AGIF

Hegemonia dos clubes e crescimento de público

No cenário nacional, o Corinthians manteve sua hegemonia ao conquistar mais um Brasileirão Feminino Série A1 e levantar novamente a Libertadores. A competitividade do campeonato seguiu em alta, com jogos equilibrados e maior engajamento do público. A final do Brasileirão registrou pico de quase 230 mil telespectadores, com crescimento expressivo de audiência em relação ao ano anterior. Nos estádios, recordes também foram quebrados, como na semifinal entre Cruzeiro e Palmeiras, que levou mais de 13 mil torcedores às arquibancadas.

O mercado de transferências viveu um salto importante em 2025, com negociações que colocaram o futebol feminino brasileiro em novo patamar financeiro. A venda de Amanda Gutierres, do Palmeiras para o Boston Legacy, por cerca de US$ 1,1 milhão, tornou-se a maior da história do país. A saída de Isa Haas para o América do México e a transferência de Mariza para o Tigres reforçaram a valorização internacional das jogadoras brasileiras. As movimentações confirmam o Brasil como celeiro de talentos disputados por grandes ligas.

A divulgação do calendário de 2026 pela CBF marcou outro ponto-chave do ano, com a ampliação da Série A1 para 18 clubes e a manutenção da Copa do Brasil Feminina. A proposta busca reduzir períodos de inatividade e alinhar o futebol nacional ao calendário internacional. Medidas de apoio a atletas mães e o fortalecimento das categorias de base também foram incluídos. Na prática, o novo formato exige mais planejamento, elenco e investimento. Para muitos clubes, será um teste real de organização e compromisso.

Crescimento expõe desafios estruturais

Se 2025 consolidou o futebol feminino como produto esportivo relevante, também escancarou desigualdades estruturais profundas. Casos como o encerramento do departamento feminino do Fortaleza, denúncias sobre estrutura no Flamengo e a greve das atletas do Avaí/Kindermann mostraram que o mérito esportivo ainda não garante continuidade. A obrigatoriedade imposta por regulamentos não se traduz, necessariamente, em convicção. O desafio para o futuro é transformar crescimento em solidez institucional, garantindo que o avanço da modalidade seja sustentado por responsabilidade, fiscalização e respeito às atletas.